Friday, February 4, 2011

Medo da Eternidade

     "Assustei-me, não saberia dizer por quê. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da idéia de eternidade ou de infinito." (Clarice Lispector, Medo da Eternidade, 223-224)

     Gostei muito de ouvir a história dessa pessoa e o chiclete dela. Nunca pensei no passado que leria uma crônica assim sobre o medo que uma pessoa tivesse ao mastigar chiclete, mas esse autor conseguiu muito bem contar uma história que valeu a pena para nós lermos. Ao meu ver, eu acho que o leitor tem um propósito maior do que somente contar essa história sobre uma pessoa e o medo que ela tem de ser obrigada de mastigar o chiclete dela para o resto da vida. Nós, como seres humanos, muitas vezes não gostamos de comprometer-nos. É difícil para muitos de nós comprometer a comprar um carro novo, porque sabemos que vamos ter que ter aquele carro por um tempo longo. Quantas pessoas têm dificuldade em saber se deveria caser-se com alguém ou não? Se não tivesse que comprometer-se àquela pessoa pelo resto da vida, eu acho que nã haveria tanto indecisão (mas talvez isso seja o problema de tantos divorcos hoje em dia). Não foi soletrado para nós, mas eu entendi que precisamos comprometer-nos a certas coisas importantes na vida para termos mais alegria.

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